terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A borboleta sonhadora



                 Isa era uma borboleta que amava a natureza: O Sol, a Lua, as estrelas, as flores, a chuva, o 
                Ela vivia no jardim da praça da Matriz.
              No centro da praça, havia uma linda fonte, onde os passarinhos vinham pousar e beber água fresquinha. Nos canteiros haviam lindas flores. Eram palmas, lírios amarelos e alaranjados, margaridas, azaleias, açucenas,  manacás brancos e roxos, que deixavam o ar perfumado sempre que floriam. Havia também lindas árvores, vários coqueiros, uma carnaúba e outras flores, que enchiam o ar de perfume e os olhos de quem vinha se sentar ali.
               Isa tinha ali, muitos amigos:  a borboleta Vanessa,  o sapo, a centopeia, a libélula, o Louva-a-deus, o grilo verde, o beija-flor, as formigas trabalhadeiras, a joaninha , as abelhas e o caracol.
         Como todas as borboletas, Isa acordava bem cedo e saia com sua amiga, a  borboleta Vanessa, voando  livremente por entre as flores. Entre um pouso e outro, ela aproveitava para conversar com seus amigos, e sentir o doce perfume das flores.
              Certa manhã, quando  Isa  estava tomando Sol, ouviu ruído de crianças. Vinham de perto da fonte. Ficou pousada num galho da quaresmeira, escutando o que diziam.
               -- João, está chegando o dia do Natal! Não é legal?
               _ É mesmo, e vai ser uma delícia ganhar doces e lindos presentes, Vivi!
               _ Você já viu como estão lindos os enfeites do shopping?
               _ Vi sim, estão lindos mesmo. Vamos lá para ver mais um pouco?
             _ Lá no shopping tem tantas coisas bonitas! Tem um jardim que é muito bonito, com flores e gramas artificiais que são maravilhosas! Tem árvores de Natal, Vamos lá?
               E saíram em direção ao shopping.
            Isa, então ficou muito curiosa para ver onde era o shopping, e mais ainda porque queria conhecer o jardim e as flores artificiais. Então chamou sua amiga Vanessa e disse:
            _ Vanessa, ouvi dizer que tem um lugar lindo que se chama shopping, e que tem um jardim muito bonito e cheio de flores artificiais. Imagina como deve ser perfumado e bacana! Vamos lá para ver como é?
             Vanessa ficou meio pensativa e depois disse:
              _ Mas onde é esse lugar maravilhoso?
          _ Não sei direito, mas parece que não é muito longe daqui. Vamos perguntar às formigas? Elas já devem ter visto o jardim, pois andam longe para buscar comida e levar para o formigueiro.
             E saíram à procura das formigas, que andavam o dia inteiro carregando folhas para seu formigueiro. No caminho, encontraram o grilo Verde, que não parava de tocar seu violoncelo e a joaninha Jojô.
      _ Senhor grilo verde, dona joaninha, vocês sabem onde estão as formigas trabalhadeiras?
             _ Não as vi por aqui, devem ter ido para o outro lado da fonte- Disse o grilo verde.
             _ Acho que elas foram por ali, Isa.
            E continuou tocando seu violoncelo, enquanto joaninha pintava suas oito bolinhas, que estavam desbotadas, com tinta preta, e envernizava seus sapatinhos.
            Isa e Vanessa continuaram andando e encontraram o louva-a-deus e o caracol, parados, comendo um pedaço de capim verde.
             _ Senhor louva-a-deus, não  viu as formigas por aqui?
             _ Sim, passaram por aqui agora mesmo. Estão ali debaixo da quaresmeira.
             _ Obrigada, senhor louva-a-deus. Até mais senhor caracol!
             E saíram voando em direção à quaresmeira. Logo avistaram as formigas.
             _ Formiguinhas, podemos conversar com vocês?
            _ Sim amiguinhas, podemos conversar, é bom pararmos  um pouco para descansar.
            _ Vocês sabem onde fica o jardim artificial do shopping ?
            _ Eu sei! Fica do outro lado da rua, mas é muito perigoso ir até lá. Vocês não devem se afastar do jardim da praça – disse uma das formigas.
            _ Está bem, Dona formiga! Não vamos sair do jardim – prometeram as borboletas.
            E as borboletas foram embora. No caminho, viram o beija-flor sugando néctar de uma flor de azaleia.
          _ Senhor beija-flor, você que conhece todos os lugares, sabe onde fica o jardim artificial do shopping?
            _ Sei sim, mas por que querem saber?
            _ Queremos ir até lá, para sentir o doce perfume das flores. Dizem que nesse jardim tem flores maravilhosas e que nunca vimos de igual beleza!
            _ Mas pode ser perigoso, pois as ruas são muito movimentadas. Vocês não devem ir sozinhas. Já estive lá e ele é bonito mesmo, mas não é mais lindo que o nosso jardim da praça!
            As borboletas ficaram imaginando como devia ser lindo o jardim, e decidiram que ia conhecê-lo.
          As abelhas ouviram e quiseram falar com as borboletas, mas elas nem deram ouvidos. Deixaram-nas  zumbindo sozinhas. Elas já tinham ido até lá para apanhar néctar e voltaram sem graça, pois não encontraram néctar algum.
            Como já estava escurecendo, as borboletas estavam cansadas e decidiram ir dormir.
            No outro dia bem cedo, Vanessa foi falar com sua mãe sobre o jardim artificial. Sua mãe  explicou que não era um lugar bom para as borboletas ficarem, e que corriam risco se fossem até lá. Ela então resolveu obedecer. Não quis sair do jardim da praça e foi falar com a amiga Isa, que nem deu ouvidos. Deixou-a falando sozinha  e saiu voando mesmo.
            Quando Isa chegou na  rua movimentada, teve que voar bem alto e quase foi atropelada por um ônibus que passava por ali. Conseguiu atravessar a rua e chegou bem diante do shopping. Ficou de boca aberta, ao ver os enfeites de natal,  tão lindos e coloridos.
            _ Nossa! Acho que nunca vi nada tão lindo assim!
            E ficou voando pelo shopping deslumbrada pelas luzes dos pisca-piscas, que ofuscavam seus olhinhos e que mesmo estando de dia, já estavam brilhando sem parar. Lembrou-se de  seus amigos vaga-lumes.  Pousou em uma vitrine cheia de perfumes de uma linda loja. Que delicioso cheiro doce ela sentiu! Ficou observando as pessoas se admirando em um grande  espelho de uma outra loja, e viu sua imagem refletida nele também. Ah, como ela era  linda! Viu um homem vestido de vermelho, com uma barba longa e branca, que parecia de algodão. Era o Papai Noel. Ele dizia para as crianças que chegavam:
            _ Ho, ho, ho, olha quem chegou!!!
            Voou mais um pouco e viu uma loja cheia de bonecas, ursinhos e outros bichinhos que permaneciam imóveis em cima de umas tábuas. Quis puxar conversa, mas nem sequer notaram sua presença ali. Saiu dali e foi procurar o tão sonhado jardim maravilhoso do qual ouvira falar. Voou tanto, viu tanta coisa linda, que já estava exausta, quando deparou com um lugar realmente lindo, cheio de flores. Ficou maravilhada! Voou por entre suas flores, pousou em uma, pousou em outra... Mas começou a ficar sem graça.
            _ Puxa, não sinto cheiro de nada! Onde está o delicioso cheiro das flores, como as que têm no jardim de nossa praça?
            Quanta decepção! Eram só flores artificiais... Eram realmente lindas, mas não eram cheirosas, nem saborosas.
            _ E agora! Estou com muita fome, estou tão fraca, que mal consigo voar...
            E então, adormeceu ali mesmo, por entre as tão sonhadas flores artificiais.
           Naquele momento, passava por ali, um fotógrafo, o senhor Nikolai que trabalhava no Jornal ali no shopping.  Vendo o terrível engano  da borboletinha, que já estava fraca e adormecida, teve pena e resolveu ajudá-la. Pegou-a com muito cuidado, e levou-a para  outro jardim onde tinha lindas flores e gramas de verdade,  para que ela se alimentasse e sobrevivesse.
            Depois de um tempo, Isa acordou sentindo o delicioso cheiro das flores. Quando se alimentou um pouco, voou para casa. Sua mãe já estava muito preocupada. Arrependida, ela pediu desculpas. Isa contou para seus amigos como era o shopping, tudo o que viu lá. Falou das luzes de Natal, das árvores enfeitadas com bolas coloridas, do velhinho que se chamava Papai Noel, das lindas vitrines, do jardim artificial.
            _ Mas sabem de uma coisa? O brilho dos pisca-piscas, não é mais bonito do que o brilho do Sol e das estrelas à noite. E as flores do jardim artificial, não são  mais lindas   e perfumadas que as flores da praça! Eu amo este lugar!            
           Ela abraçou seus amigos e foi visitar todas as flores do jardim.
         E se sentiu realmente muito feliz por estar ali!


quarta-feira, 4 de maio de 2016

MÃE
         JAQUELINE MARLI DA COSTA
PALAVRA COM APENAS TRÊS LETRAS
MAS COM UMA DIMENSÃO TÃO GRANDE!
É A MAIOR EXPRESSÃO DO AMOR
QUE PODE EXISTIR EM UM SER TÃO GIGANTE!

GIGANTE, SIM PELO SEU AMOR BONITO
PELA SUA FORÇA DE VIVER QUE É INFINITA
FELIZ OU TRISTE, SEM MEDIR ESFORÇOS, ÉS BENDITA
CRIATURA MOLDADA PARA SER  E VENCER.

SER MÃE, DE VERDADE, OU MÃE DE CORAÇÃO
O QUE NÃO DEIXA DE SER DE VERDADE TAMBÉM
NÃO IMPORTA AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUESTÃO
MAS SIM O MAIS NOBRE DOS SENTIMENTOS QUE TEM.

MÃE, MÃEZONA, MÃEZINHA,
QUE NOS OLHOS ESCONDE A AFLIÇÃO
DE VER  ADOENTADO A FILHINHA
SEM DEIXAR-SE ABATER PELA ILUSÃO.

QUE ELEVA OS OLHOS ÚMIDOS AO CRIADOR
E DEIXA TRANSPARECER UMA  BREVE PRECE
SEM PALAVRAS, MAS COM SINSERO AMOR
 PELA EXPRESSÃO,  O MILAGRE ACONTECE.

REZA PELOS SEU FILHO AUSENTE
ROGA, À MÃE DAS MÂES, PELA FÉ
QUE A ELE PROTEJA.  É O QUE SENTE
AOS PÉS DA VIRGEM DE NAZARÉ.

NÃO HÁ MUITO  O QUE SE EXPLICAR
TAMANHA FORÇA DE SENTIMENTO
MAS O QUE SE PODE É MOSTRAR
SUA FORÇA GUERREIRA DE PENSAMENTO.

MÃE NOBREZA SEM PAR
SEM SABER DIREITO O QUE SENTE
QUE CONJUGA O VERBO AMAR
APENAS GERANDO UMA SEMENTE.


quarta-feira, 27 de abril de 2016

A lagartinha verde
                                           Jaqueline Marli da Costa
         Era uma vez um lugarzinho muito bonito, onde havia muitos bichinhos : coelhos, esquilos, joaninhas, formiguinhas, besouros, grilos, abelhas,  sapos,  passarinhos, e outros bichinhos. Eles viviam felizes, porque eram muito amigos.          
         Um dia o coelhinho Joca chamou seus amigos para brincar perto do riacho, de esconde-esconde.
         __ Oba, vamos brincar pessoal! – Disse a joaninha Kaká.
         __ Eu conto e vocês se escondem! – Disse o grilo Pula-pula.  
         E começaram a brincadeira. Enquanto o grilo contava, todos correram  para se esconder.
         __ Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez... Prontos ou não, lá vou eu!
         Cada bicho se escondeu em um lugar diferente. O coelho Joca, se escondeu atrás de uma moita de capim. E ficou bem quietinho.
         De repente, começou a ouvir, alguma coisa. Espichou suas compridas orelhas, para ouvir melhor. Parecia que alguém estava chorando baixinho. Tão baixinho que ele mal conseguia ouvir. Então começou a procurar. Procura daqui, procura dali, nada. Então chamou seus amigos e disse:
         __ Pessoal, enquanto estava escondido atrás da moita de capim eu escutei alguma coisa estranha, parecia que tinha alguém chorando. Mas procurei e não encontrei nada. Vocês podem me ajudar a ver o que é?
         __ Claro que sim! Vamos todos ajudar! – Disse a joaninha.
         E saíram todos a procurar. Procuram daqui, procuram dali... Até que de repente, Joca observa debaixo de uma folha de açucena um bichinho diferente. Era uma lagartinha verde, que tinha os olhinhos inchados de tanto chorar.
         __ Olá! Quem é você? – Perguntou.
         A lagartinha ergueu o olhinhos e não quis conversar. Estava com medo.
         __ Pode me dizer, quem é você? Posso ajudá-la em alguma coisa?
         Neste momento, chegaram seus amiguinho, e curiosos, queriam saber quem era ela.
         Depois de um tempo, a lagartinha verde, tímida,  resolveu conversar:
         __ Eu sou a lagartinha Line.
         __ Por que você estava chorando?
         __ É que eu me sinto tão sozinha! Minhas amigas lagartas saíram para comer folhinhas e não voltaram e eu fiquei sozinha, sem ninguém para brincar comigo! Não tenho amigos, porque todos zombam de mim dizendo: “Olha a lagarta gorducha! Olha a lagarta feia”! Por isso, estou triste, ninguém gosta de brincar comigo!
         Os bichinhos a rodearam e Joca disse:
         __ Não precisa mais chorar, Line, aqui você terá muitos amigos para brincar. Nós não vamos zombar de você dizendo que é gorda ou feia. Cada um tem seu jeito de ser. É o que importa!
         __ Quer brincar conosco, Line? – Chamou a formiguinha.
         __ De que vocês estão brincando?
         __ De esconde- esconde. – Disse o grilo Pula-pula.
         __ Quero, adoro brincar!
         E foram brincar na beira do riacho de esconde-esconde.
         Brincaram a tarde toda, se despediram  e foram para casa.
         Line estava tão feliz, com os novos amiguinhos que ganhou, ela não tinha casa. Então  fez um casulo, e adormeceu lá dentro muito feliz.
         No outro dia, os animaizinhos saíram para brincar outra vez.
Não encontraram a lagartinha Line.
         __ Onde será que Line está? – Perguntou Joca, preocupado.
         __ Não a vimos hoje ainda. – Disse a abelha.
         __ Será que ficou com raiva de alguma coisa e foi embora? – Quis saber o grilo.
         E procuraram por todos os lado. Por vários dias procuraram, perguntaram os outros bichos do outro lado do rio, mas nada. Não encontraram nem vestígios de Line. Ficaram desanimados e chateados, pois ela era muito legal.
         E assim se passaram vários dias e eles continuaram brincando, mas sempre se lembravam de Line.
         Certa manhã, quando estavam brincando, Joca avistou uma coisa estranha debaixo da folha de uma árvore. Ficou sem saber o que era. Chamou seus amigos e ficaram observando.
         __O que é aquilo lá na folha? – Perguntou o grilo.
         Ninguém soube dizer. Foram observando, todos os dias.
         Um belo dia, quando estavam brincando, notaram que a coisa debaixo da folha estava se mexendo e de repente, se abrindo. Saiu de dentro dela, uma linda borboleta amarela, que espichou suas asas e saiu voando. Era tão linda, que os bichinhos ficaram encantados. Quiseram saber quem era e Joca perguntou:
         __ Quem é você! Como se chama?
         a borboletinha amarela deu um lindo sorriso, que a deixou ainda mais bela, chegou perto da água cristalina do riacho e não se conteve de emoção, ao ver seu reflexo. Não acreditava no que estava vendo. Tinha se transformado na mais linda das borboletas, Então ela  disse:
         __ Não se lembram de mim amiguinhos?
         Todos sacudiram a cabeça, dizendo que não. Então a borboleta disse:
         __ Não me reconhecem?
         E eles disseram que não. E ela então falou:
         __ Sou eu, a lagartinha Line.
         __ Nossa!!!!! – Exclamaram todos em coro ao ouvirem isso.
         __Mas o que aconteceu com você Line? Está tão... linda!
         Dona coruja, muito sábia, que estava por ali, pousada no galho da árvore, disse:
         __ Eu sei o que aconteceu com Line. Ela era um ovinho que sua mãe depositou na folha. Ao sair, do ovo, virou uma lagartinha verde muito comilona. Comia o dia todo, até ficar bem gorda. Depois ela teve que se envolver em um casulo que ela mesma construiu para se abrigar e se proteger. Ficou ali adormecida por muitos dias, até que despertou e quis sair. Mas já havia se transformado em uma linda borboleta. Isso se chama metamorfose. Metamorfose é transformação. Por isso, vocês não a reconheceram.
         __ Nossa, Line, você era chamada de feia, gorducha, mas se transformou na mais linha das criaturas deste lugar. Bem vinda ao nosso lugar!
         __ Obrigada amigos! Estou muito feliz que tenham gostado de mim sem rir de minha aparência. Vamos ser amigos para sempre! Amo vocês!
          E foram brincar o dia todo...



          

quarta-feira, 30 de março de 2016

O Crocodilo-caracol

        Era uma vez, um crocodilinho bem pequeno, que vivia num pântano, lá no Pantanal Mato-grossense.
            Como todo filhote, também era curioso e vivia bisbilhotando por lá.
        Ele era desassossegado. Gostava de sair para ver os amigos e passear pelo pântano, em busca de novas aventuras.
            Mas ele não saía sozinho, porque tinha muitos amigos que gostavam dele, por isso sempre tinha a companhia de alguém.
        Certo dia, ele resolveu sair sozinho para passear e quando já estava quase chegando no rio, avistou uma coisa estranha. Curioso, chegou perto para ver o que era aquilo. Observou que parecia ser uma concha. A coisa era bem redondinha, diferente e ele ainda não tinha visto por ali.  Então começou a mexer nela. Como era redondinha, escorregava e rolava daqui e dali.
        Empurrou-a com o rabo, até que ela foi parar bem nas suas costas. Ficou estranho, um crocodilo daquele tamanho, com uma concha  pequena  nas costas.
           Ele saiu andando bem devagarinho, para que a concha não caísse de suas costas.
            Por onde passava, os bichos achavam engraçado aquela cena e zombavam dele:
            __ Olha o crocodilo-caracol!
            __ Olha o caracol-crocodilo!
            E riam, riam...
            Ele nem ligou para os bichos. Seu primo jacaré quis saber:
            __ Primo crocodilo, onde você encontrou essa concha?
            __ Encontrei na beira do rio, agora é minha.
            __ Mas e se aparecer o dono dela?
            __ Não devolvo! Achado não é roubado!
            E dizendo isso, saiu para o pântano.
        No outro dia, o crocodilo resolveu dar mais uma volta  pelos arredores do pântano. Chegando lá, viu uma multidão de bichos reunidos. Mas que confusão seria aquela?
            Chegou bem perto e ficou ouvindo o assunto. Escutou um lamento:
            __ Ai, ai, ai, onde será que está minha casinha?- Chorou o caracol.
            __ Mas como é a sua casinha?- Perguntou o tatuzinho.
            __ Ela é bem pequena!
            __ Mas como assim? - Perguntou a sapa.
            __ Pequena e redonda! - E  chorou de novo.
            __ Mas como o senhor perdeu a sua casa?-  Perguntou a cutia.
          __ Eu saí para tomar um banho no rio. Retirei-me dela e entrei na água. Como ela estava tão boa, fiquei lá um tempo maior que o de costume. Acho que até cochilei dentro d’água. Quando saí, já não a encontrei mais.
            O crocodilo, que ouvira tudo, egoísta como ele só, saiu de fininho e foi  embora depressinha!
            __ E agora caracol, como você vai fazer sem casa para morar? - Perguntou a rã.
            __ Eu não sei, sem minha casa, fico desprotegido do calor, do frio, com medo, corro perigo de ser atropelado e de morrer.
            E o caracol chorou, chorou, chorou tanto que por onde passava, ficava um rastro molhado dele.
            __ Será que alguém não encontrou a sua casa? - Disse a capivara.
            __ Mas quem poderia tê-la encontrado?
            __ Vamos investigar!- Disse o tatuzinho.
            E saíram todos procurando a casa do caracol, cada um por um lado.
            Procuraram o dia todo e nada. Foi aí que a capivara se lembrou de ter visto o crocodilo andando por lá e disse:
            __ Já sei onde procurar a concha do caracol.
            Foi até o pântano e chamou o senhor crocodilo:
            __ Senhor crocodilo! Senhor crocodilo!
            __ Mas que gritaria é essa, dona capivara?
            __ Senhor crocodilo, preciso falar com seu filho, crocodilinho. Ele está?
            __ Está sim, mas não quer receber ninguém. Disse que está doente, com dor de cabeça e dores nas costas.
            __ Mas eu preciso falar com ele.        
            __ Está bem, pode ir até aquela folha de palmeira  lá na beira do pântano, que você vai encontrá-lo.
            A capivara chegou bem devagar, para não assustar crocodilinho...
            __ Oi crocodilinho! Tudo bem com você?
            __ O que faz aqui, capivara? Vá embora que não quero ver ninguém.
            __ Tudo bem, amigo. Vou me embora depois de conversar com você sobre uma certa concha de  caracol, que andava exibindo nas costas, outro dia. Onde ele está?
            __ Não vou lhe mostrar. Ela é minha. Fui eu quem a achei. Achado não é roubado!
            __ Está certo, amigo. Ela é sua agora. Mas você sabe quem a perdeu?
            __ Não sei e não quero saber!
            __Mas olha, amigo. O que você faria se uma grande tempestade viesse, provocasse uma enchente bem grande nesse rio e você e sua família ficasse sem lugar para morar?
            __ Não sei. Seria terrível, perder meu lugar de viver.
        __ Pois é, o senhor caracol está muito triste, porque foi tomar banho no rio, deixou sua casa na areia e quando voltou, não a encontrou. Está inconsolável, chorando de medo. Por que a concha é o seu abrigo das chuvas, do vento, do calor, do frio, dos predadores. Então, que tal ir lá para devolvê-la? Quando se encontra alguma coisa e o dono aparece, é preciso devolver, pois pode fazer muita falta a quem perdeu.
            O crocodilo, meio sem graça,  pôs a concha nas costas e foi com a capivara devolvê-la ao caracol.
            __ Senhor caracol!!! Tenho uma surpresinha para o senhor!!! - Gritou a capivara.
            Quando ele saiu de trás da folha, foi aquela surpresa! Não sabia se chorava ou se ria.
            __ Oh, amigos, quanta satisfação receber de volta a minha linda casinha!
            E entrou na concha, dizendo:
         __ Ah!!! Lar, doce lar!!! Não há nada mais gostoso que a casa da gente! Obrigada, amigos, por me devolverem a minha casinha!
            Então o crocodilo disse:
            __ Me desculpe, caracol, eu não sabia que a concha era sua! Eu achei tão legal andar com ela nas costas, que fiquei egoísta e não queria devolvê-la.
            __ Está tudo bem amigo!
            Quando o crocodilinho ía saindo, o caracol o chamou:
            __ Espere, amigo! Vamos fazer um trato assim: Quando você quiser sair com a concha nas costas, eu deixo, mas vou junto, porque assim aproveito para passear e sair mais rápido de um lugar para outro. Afinal ando tão devagar, que uma caroninha nas suas costas, não seria nada mal!
            Foi assim que surgiu uma nova amizade entre o crocodilo e o caracol. Agora, sempre se podiam ver o crocodilo-caracol andando por aí!


Desenho feito pela minha neta Victória Sophia, em 25 de fevereiro 2016. Ela estuda no Cemei São Francisco de Assis, no Primeiro Período, na sala da Professora Eliana Bernardes. Ela pediu que eu escrevesse  uma  historinha para esse animal engraçadinho.

terça-feira, 1 de março de 2016

O ursinho atrevido

                                    Jaqueline Marli da Costa
Era uma vez um ursinho muito preguiçoso que se chamava Fred. Ele era marrom e vivia lá longe na floresta.
Um dia ele acordou depois de muito tempo de hibernação, espreguiçando.
___ Ai, ai, dormir dá uma foooooome danada! Ai que vontade de comer um pote delicioso de mel bem fresquinho! Hum, onde será que vou encontrar? Deixa eu pensar...
O ursinho pensou... pensou ... __Já sei!!! Não, não, não, isso não!
E pensou... pensou... pensou...__Ha hã! Não, não, não, não, isso também não! Hum, vejamos...E continuava a pensar. Então teve uma ideia:
___ Há rá! Essa sim é uma boa ideia! Já sei onde vou achar um mel muito gostoso!!!!!
Ele se lembrou de uma colmeia lá do outro lado do rio. Era das abelhas africanas.
___ Mas como vou fazer pra pegar o mel, sem que me vejam? Pensou...pensou...pensou... e não teve nenhuma ideia.
Pensou... Pensou... Pensou mais um pouco.
___ Há, vou esperar as abelhas saírem da colmeia para pegar mais polem e depois eu apanho mel e saio correndo. Yés!!! É isso mesmo que vou fazer. E ponto final.
Lá se foi o urso andando todo desajeitado.
Quando chegou pertinho da colmeia, ficou bem escondido atrás da moita de capim, esperando a hora certa pra apanhar o tão desejado mel.
Estava tão distraído que nem viu outro urso preto ali perto escondido.
Este lhe disse:
___ O que faz aí, amigo!
___ Estou esperando as abelhas africanas saírem para o trabalho, para eu apanhar um pouco de mel.
___ Se eu fosse você, não ia até lá. Pode ser perigoso!
Mas o urso nem ligou para o  que o outro urso disse. Quando viu as abelhas saindo, foi se aproximando, sorrateiro, bem devagarinho, e zás, meteu a pata dentro da colmeia. Qual não foi a sua surpresa, uma dolorosa ferroada, bem dolorosa bem no meio da sua pata. E outra bem no nariz , mais outra bem no focinho, e outra bem  na orelha . Saiu correndo e berrando pelo caminho, chorando de dor.
___ Ai, ai ai, como doem as ferroaaaaaadas! Ui, ui ui, que dooooor!
O urso preto  viu e disse:
___Viu só, amigo!  Eu bem que te avisei, mas você não me deu ouvidos. Você sabe que a rainha fica tomando conta da colmeia e dos bebês, enquanto as operárias saem pra apanhar o néctar das flores mais perfumadas das árvores? E a rainha não fica só, ficam também mais algumas abelhas guardiãs junto com ela.
E o urso só gritava:
___ Ai, ai, ai, ui, ui, ui, mas que doooor horrííííível!!!!
E o urso continuou:
___ Depois vai passar a dor. Dê um mergulho no rio que ajuda aliviar.
O urso marrom caiu no rio e ficou lá um bom tempo, esperando melhorar a dor das ferroadas. O urso preto ficou esperando ele sair da água e disse-lhe:
__Não podemos entrar na casa dos outros e pegar as coisas sem pedir. Isso não se faz. A rainha e as guardiãs só quiseram defender sua colmeia, por isso ferroou você. Se você pedisse por favor um pouco de mel, com certeza, a rainha teria lhe dado. Porque ela é muito boa.                                                                              O ursinho aprendeu a lição e nunca mais quis pegar mel sem pedir a dona rainha. Chegou pertinho dela e disse:
__ Me desculpe, dona rainha. Nunca mais faço isto. A senhora pode me dar um pouco do seu mel?
__ Está desculpado, senhor urso. Eu vou lhe dar um pote de mel.

Agora quando queria comer mel, o urso chegava de mansinho e pedia. E ganhava, mas tinha que dizer obrigado

A girafa Didi

Era uma vez uma girafa bem pequena, que se chamava Didi. Ela vivia reclamando. Reclamava o dia inteiro:
- Mamãe, eu não quero ter pescoço comprido!
- Papai, eu quero ter pescoço pequeno, igual ao da minha amiga ursinha Lulu!
E assim passava o dia inteiro reclamando.
A mãe dizia:
- Didi, pare de reclamar! Todas as girafas são assim!
O pai falava:
 - Didi, você tem um pescoço tão lindo!
Mas quanto mais eles falavam, mais ela reclamava e chorava.
Um dia, a mãe tentando alegrá-la disse:
- Didi, vamos à cidade comprar um colar bem lindo pra você usar no seu pescoço?
Concordou, porque adorava passear na cidade. Foram na loja da Dona Zebra e compraram um lindo colar de bolinhas. Didi colocou o colar, mas não gostou muito.
Continuava reclamando sem parar, andando de um lado para  o outro. Até que um dia a mãe resolveu chamá-la para ir ao parque.
- Que legal mamãe, quero muito conhecer o parque.
Didi nunca tinha ido ao parque e queria muito conhecê-lo. Quando chegaram, Didi ficou encantada. Lá tinha muitas árvores de todos os tamanhos. Grandes, médias e pequenas.
De repente, de um salto, pula perto dela um bicho com orelhas bem compridas. Era o coelho. Ela se assustou e se escondeu atrás da mamãe.
Ela viu também bicho com nariz bem comprido que arrastava no chão. Era o elefante, que pisava pesado e saía correndo para lá.
Viu bicho de pernas compridas, que teciam umas coisas gosmentas, com formato de teia. Era a aranha, que se preparava para descer por um fio e sair para passear pelo parque. Viu bicho de língua comprida, que adorava por a língua no formigueiro. Era o tamanduá bandeira que queria encontrar as formigas por ali, para se alimentar.
Viu também bichos que tinham olhos grandes, e não compridos, era o urso panda, que acabou de acordar e queria abraçar alguém.
Viu bicho de boca comprida, bem aberta, mostrando todos os seus dentes. Era o jacaré, que abriu um bocão de sono. Didi bem depressa saiu dali! Que medo da boca comprida do jacaré!
Sabe o que mais? Ela viu bicho sem pescoço! Era o sapo que cantava e batia um papo.
Viu bicho sem orelhas e sem pernas, mas de corpo comprido, que parecia um cordão. Era a cobra que rastejava com a língua pra fora.
E ela viu as girafas enormes, com pernas e pescoços tão compridos, que quase tocavam as nuvens lá no céu. Elas estavam comendo as folhas mais altas das árvores. Didi ficou observando. Mamãe disse:
- Viu só Didi, cada bicho tem um jeito diferente de ser. Uns tem pescoço comprido, outros nem pescoço tem. Veja nossas amigas girafas. Elas têm o pescoço comprido, para alcançar as folhas mais  novinhas e os brotos mais macios que ficam no topo das arvores. É uma delícia. Um dia, se você crescer, fará o mesmo!
Didi ficou com água na boca. Comeu uns brotos que a mãe pegou na árvore e comeu. Gostou muito. E foram embora. Deste dia em diante, Didi não reclamou mais do seu pescoço comprido. Colocou o colar, ficou bonita e foi brincar com outras girafas.
É amiguinho, cada um tem um jeito de ser e precisa aprender a se amar!

A ARANHA

                                   Jaqueline Marli da Costa

Era uma vez uma aranha passeadeira. Um dia, ela resolveu se arrumar para dar uma voltinha pelo campo. Enfeitou-se toda, com um laço de fita vermelho na cabeça e oito sapatinhos , cada um de uma cor, porque ela gostava de todas as cores.
E lá se foi ela, descendo por um fio de sua teia que ficava na árvore de ipê amarelo.
Ela era charmosa, mas também desengonçada. Ao tocar o chão, adivinha o que aconteceu? Ah! Um pequeno acidente! Ela tropeçou nas próprias pernas, que não eram poucas e que eram bem compridas, desequilibrou-se e caiu. Os sapatos voaram cada um para um lado.
E agora? O que fazer? Suas pernas se embaraçaram e deram um nó cego! O jeito era se arrastar até encontrar alguém que a ajudasse.
Arrasta-se daqui, arrasta-se dali,  pede socorro, se enrosca mais ainda! Que situação complicada, hem, Dona aranha?
___ Socorro! Socorro! Por favor, alguém me ajuda!
Ia passando por ali a Joaninha Lili.
___ O que foi isso, Dona aranha?
___ Ah, amiga, tropecei e veja no que deu. Fiquei toda enrolada. Ajude-me por favor!
___ Vou tentar.
E a joaninha voa daqui, voa dali, puxa daqui, puxa dali e nada!
___ Vou pedir ajuda. Volto já! Não saia daí! – Disse a joaninha. ( Como se a pobre aranha pudesse sair).
E a joaninha viu o grilo Pula-Pula e pediu ajuda. Contou a ele o que aconteceu com a aranha e ele se pôs pronto para ajudar.
Pula-Pula pula daqui, mexe as perninhas como se estivesse afiando-as, pula de lá, tenta, tenta e nada de conseguir.
___ Não consigo desatar o nó, Dona aranha. Mas eu vou ver se consigo ajuda. Fique bem quietinha para não piorar a situação!
E saiu para pedir ajuda. No caminho encontrou a formiguinha Fifi. Contou a triste história da Dona aranha para ela.
Fifi teve pena e resolveu ajudar. Foi até o formigueiro, chamou outras formigas e lá se foram elas.
Sobem daqui, descem dali, empurram de lá, escorregam de cá e nada.
___ Puxa, Dona aranha! Está muito difícil ajudá-la. Suas pernas estão muito embaraçadas!
A Dona aranha se entristeceu e começou a chorar.
Todos a rodearam, como se quisessem abraçá-la.
___ Vamos pensar juntos para encontrar uma solução, viu Dona aranha?
E pensaram... Pensaram... Pensaram... Pensaram mais um pouquinho...
De repente, a joaninha teve uma ideia. Ela se lembrou de pedir ajuda para a abelhinha Kiki. Ela era muito habilidosa e sabia fazer crochê. Quem sabe com a agulha de crochê ela poderia soltar as pernas compridas da aranha?
E lá se foram eles a procurar pela abelhinha  na colmeia da laranjeira.
___ Kiki! Kiki! Onde está você?
___ Estou aqui, amiguinhos. Por que essa gritaria toda?
___ É que precisamos da sua ajuda para Dona aranha. Ela tropeçou e ao cair, se embaraçou nas próprias pernas e você sabe. São oito pernas e deu um nó cego. Agora ela está muito triste, sem conseguir andar. Você pode ajudá-la?
___ Esperem só cinco minutinhos. Vou terminar de fazer o casaquinho da rainha e já vou.
Passaram cinco, dez, quinze minutos. Que demora!
E lá vem a abelhinha com sua agulha de crochê.
Voaram para ver a Dona aranha. Como ela conseguia voar sem sair do lugar, pegou sua agulha e com cuidado foi soltando as pernas da Dona aranha.
Soltou uma, soltou duas, soltou três, quatro, cinco, seis, sete, soltou todas as oito pernas!
Dona aranha até suspirou!
___ Ufa! Achei que não ia mais poder andar! Obrigado, amiguinhos, por não terem desistido de me ajudar! Agora seremos amigos para sempre!
Agora, toda vez que um bichinho caía e se agarrava em sua teia, Dona aranha o ajudava a sair e o deixava ir embora. Ela aprendeu a comer plantinhas, frutinhas.
Quando vai sair para passear, desce pelo tronco da árvore para não tropeçar e cair novamente e coloca os pés no chão, um a um.

E tudo voltou ao normal no campo.